segunda-feira, 25 de agosto de 2014

17/08/2014 - Maratona Caixa de Santa Catarina

 Maratona Caixa de Santa Catarina
A Maratona de Santa Catarina foi a primeira corrida oficial que participei na minha vida de corredor, em 2009. Eu estava começando a correr e participei da distância alternativa de 10 Km. Meio na doideira, mas foi. Por isso ela tem um significado especial para mim.

Naquela época, no extremo do meu esforço pra completar os 10 Km, ficava observando os atletas da maratona e imaginando o quão difícil seria completar uma distância dessa, 42,195 Km. Na minha mente de iniciante, era impossível !!!

Cinco anos se passaram e aqui estou descrevendo a minha 3ª e melhor participação até agora na Maratona de Santa Catarina. Ainda não do jeito que eu queria. Em 2010 não teve e no ano passado (2013) participei da prova de 5 Km, pois voltava de recuperação de uma lesão e não deu tempo para me preparar.

Fiz uma preparação que considerei boa, sem sofrer com dores no joelho, e estava me sentindo confortável e confiante para encarar a maratona. O objetivo era melhorar o tempo de 3h45mins22s da Maratona de POA a 3 meses atrás. Meu receio era só mesmo das possíveis cãibras no final.

A retirada do Kit foi na loja Carioca do centro de Florianópolis, nos três dias que antecederam a maratona. Local pequeno e de difícil acesso para quem vai de carro. Provas desse porte poderiam contar com uma feirinha mais atrativa para os atletas, mas aqui em Santa Catarina está difícil.

No dia da prova tivemos largadas diferenciadas: a largada da maratona foi às 7:30 e das distâncias de 5 Km e 10 Km foi às 8:30. Cheguei cedo ao sambódromo e uma das dificuldades que observei é que não havia estacionamento por perto e mesmo às 6 horas da manhã, os acessos já estavam todos fechados.

Chegando a arena do evento retirei o chip, que não era descartável. Outro detalhe que dificulta bastante na chegada da maratona, pois o chip precisa ser devolvido para receber a medalha e a essa altura mal conseguimos nos abaixar. 

Na hora da largada, todos animados e ansiosos pelo início da prova. Não tem jeito sempre dá aquele friozinho na barriga nos minutos que antecede. Cerca de 500 guerreiros partiram da passarela Nego Quirido, indo em sentido aeroporto pela via expressa Sul. No começo é tudo uma maravilha, ainda estamos leves, na pilha e sem cansaço algum. Logo encontrei a Ana Clara de bike, muito querida, que me acompanhou durante essa primeira parte, além de tirar várias fotos no percurso. 

Eu saí para tentar manter um ritmo próximo de 5 min/Km durante o maior tempo possível. Logo se aproximou a Kelly que iria me acompanhar na jornada. Seguimos juntos por um bom trecho. Fomos até o retorno próximo ao trevo da Seta, completando os primeiros 6 Km e retornamos. Estávamos em um ritmo bom, mas eu sabia que estava mais rápido do que devia. Tomei meu primeiro gel de carboidrato e a cápsula de sal no 9º Km. Um pouco depois do 10º Km, já pegando um ventinho contra optei por segurar um pouco o ritmo e disse pra Kelly seguir em frente.

Encontrei o Bruno que acompanhava a prova de bike também dando uma força e suporte pros amigos. Atravessei o túnel na expectativa de cruzar com os participantes da prova de 5 Km e 10 Km que largaram mais tarde, mas como passei os 12 Km abaixo de 1 hora não deu. O lado bom é que estava ainda em um bom ritmo. 

Passei em frente a passarela Nego Quirido e em seguida já entrávamos pela beira mar norte. A Aninha que me acompanhava quase desde o início tinha compromisso e teve que seguir em frente. Fiquei muito feliz por contar com o apoio dela. Haviam se passado pouco mais de 13 Km. Agora era seguir pela beira mar norte até próximo da UFSC. 

Esse trecho de mais ou menos 9 Km até a UFSC foi mais solitária.  Mas nem tanto. Pelo trajeto fui acompanhado por um atleta que aproveitava pra fazer o seu treino pela beira mar, uma vez que ela estava fechada parcialmente para os atletas. Procurei me hidratar bem durante a prova. No Km 18, tomei outro gel e outra cápsula de sal. O sal para tentar evitar as cãibras no final.

Quase chegando ao retorno na UFSC completamos a primeira meia maratona. Ainda estava confiante passando com cerca de 1h45min. Só faltava metade agora. Um pouco mais a frente fiz o retorno, perto do 22º Km. Na volta podemos rever o pessoal do outro lado e não fica tão monótono. 
A volta pela beira mar norte imaginei que fosse mais tranquila, mas a medida que avançava as pernas começavam a pesar. O calor também estava aumentando. A partir do 25º Km o pace começou a aumentar. Não estava conseguindo mais manter o ritmo. Eu estava com um certo tempo e não seria tão ruim levar o restante da prova no pace de 5:30. 

Perto do Km 28 a situação começou a complicar e fiquei receoso de não conseguir completar a prova. Comecei a sentir as primeiras fisgadas na perna. Não eram ainda tão fortes, mas não deixariam eu manter o ritmo. Foi nessa hora que encontrei o Jorge Dutra, que também estava com dificuldades de manter o ritmo. Ele tinha participado da Maratona do Rio três semanas antes. Tomei o meu gel e a cápsula de sal novamente. Minha esperança era essa cápsula. Eu tinha mais uma, mas acabei derrubando enquanto corria.

Comecei então a caminhar nos postos de hidratação para descansar um pouco a perna. Já próximo do sambódromo encontrei o Sebastião, também sentindo o cansaço por causa da sua aventura de bike uma semana antes. Seguimos juntos, passando novamente em frente a Nego Quirido. Eu estava bastante cansado e encontrar os amigos dando muito incentivo nessa passagem deu até um gás a mais.

Pegamos o túnel novamente. Já dentro dele, passei pela placa de 33 Km, onde tinha caído em 2012 por causa da forte cãibra. Não estava muito diferente dessa vez, mas reduzi bastante o ritmo, caminhando várias vezes quando a fisgada era muito forte. Na cabeça voltou todo o drama da outra vez. Não queria passar novamente por aquela situação. E ainda faltavam os 9 Km finais.

Na saída do túnel o Enio e o Nilton me esperavam para me acompanhar nesses quilômetros finais. Estavam anteriormente preocupados com o ritmo, mas eu mal conseguia trotar. E fomos bem na boa. Por vários momentos eu queria ir mais rápido, mas cada vez que tentava as fisgadas vinham mais fortes. Pelo menos dessa vez o tempo foi passando um pouco mais rápido. Eles falando, eu escutando, mas sem forças pra dizer uma sílaba. 

Imaginei que o desastre seria maior, com medo de nem conseguir melhorar o meu tempo dessa maratona, que era o da minha estreia em 2011, 4h27min39s. Na verdade a qualquer momento poderia ir por água abaixo. Por isso decidi andar quando as fisgadas apertassem e dar as passadas bem mais curtas, pra garantir a chegada pelo menos. A parte até o retorno no final da via expressa sul, mas foi sofrida. E uma vez vencida, faltariam pouco mais de 5 Km. Aquele quilômetros que não acabam nunca.

O Nilton e o Enio tentavam me acelerar, sempre incentivando e dizendo que estava chegando e faltava pouco. Mas a impressão que dava é de que nunca chegaria. Eu tive que me segurar pra não forçar muito na empolgação. Sabia que estava no limiar de esforço das minhas pernas. 

A sensação boa veio quando avistamos a entrada do túnel novamente. A partir daí é pouco mais de 1 Km para a chegada. Nessa hora sabemos que não tem mais volta. É estufar o peito e seguir pra concluir a batalha. Já fazia as contas de tempo, mas nem o sub-4h seria possível, sob o risco de ficar ainda no meio do caminho.

A saída do túnel é um grande alívio, pois é em descida e termina já na entrada da passarela Nego Quirido, faltando pouco mais de 200m para o portal. Tentei dar uma aceleradinha ainda pra chegar bem na foto, mas a fisgada me lembrou que ela ainda estava lá. Tá bom, decidi não correr risco algum por alguns segundos.

Quando vamos nos aproximando da chegada apesar da exaustão quase ao extremo, começa a nos dar a sensação de poder e de superação. Uma imensa alegria e satisfação toma conta de todo no nosso corpo e alma. Agora é hora só de comemorar, se é que isso é possível !!!

A alegria é maior ainda quando lembramos que pudemos contar com vários amigos e amigas ao longo de todo o percurso, e inclusive no portal de chegada, como a Andréa e a Marina, que ficaram até tarde esperando e registraram a minha chegada. 

A todos vocês que me ajudaram e torceram por mim, meu muito obrigado mesmo !!! Por isso eu digo que é demais poder correr em casa. Quem tiver a oportunidade de participar um dia de uma maratona e passar por essa experiência vai entender essas sensações. 

Por mais que eu tenha pensado durante a prova que essa seria a minha última maratona, no final tudo passou. Ano que vem estaremos de volta !!!

 Com Enio Augusto, assistindo com exclusividade a entrevista de 
Adriano Bastos para o Podcast "Por falar em Corrida"
 Saindo do túnel com a Ana Clara, fechando os primeiros 10 Km 
 Com a parceria da amiga maratonista, Kelly
Entrando pela beira mar norte
  Na superação com o Sebastião e o Jorge depois de 31 Km 
 Trecho final com Enio Augusto e Nilton, faltando uns 3 Km
 Na passarela. Só comemorar !!! Faltam menos de 50 metros.
 Não foi fácil, mas completei. Tempo líquido: 1h02min13s
 3a. Maratona de Santa Catarina concluída.
Certificado de conclusão

Local: Passarela Nego Quirido - FLN/SC
Data: 17/08/2014 
Horário: 07:30 Hs 
Distância: 42,195 Km (42,840 Km) 

Inscrição: Cortesia de um amigo
Kit: Sacola, camiseta, viseira, meia, toalhinha, números de peito e chip.  

Tempo: 4h02min13s
Pace: 5:19 min/Km

Colocação: 033 de 057 (categoria 40-44 anos)
Colocação: 193 de 393 (masculino)
Colocação: 207 de 453 (geral)

6 comentários:

  1. Uau Eduardo, que resultado fantástico. Parabéns. Que evolução na maratona. Adorei as fotos, o relato e sua incrível conquista. Quanta parceria ao longo do percurso. Ter amigos é um tesouro mesmo. Parabéns!!
    Abraços
    Helena
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  2. Muito obrigado, Helena. Ainda a evolução não foi a que eu queria, mas pelo menos avançamos um pouco. Devagar e sempre. Sim, o mais divertido são essas amizades. Não deixam cair a peteca durante o percurso. E vamos para os próximos desafios. Que bom que você já está bem. Agora é bola pra frente. Abraço.

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  3. Oi Eduardo,
    Que relato emocionante, a união faz a força, nem que seja na marra, né? Ainda mais você, que conhece muiiiita gente neste mundo das corridas de rua. Parabéns mesmo, bora que tem muita coisa pela frente!!
    Abraço.
    correndoerenascendo.blogspot.com.br

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    1. Pois é, Si. Essa galera é demais. Sempre digo que esse é um dos principais motivos de eu conseguir continuar correndo durante esses anos. Eles não deixam a peteca cair.... Muito obrigado e nos encontramos na próxima. Quem sabe um dia em uma de aventura...rs !!! Abraço.

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  4. Grande Eduardo! Belo relato. Parabéns pela prova. Fernando - Palhoça-SC/São Paulo-SP. Abs.

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