sexta-feira, 23 de novembro de 2012

18/11/2012 - Maratona de Curitiba 2012

Maratona de Curitiba 2012
A maratona de Curitiba não estava nos meus planos desse ano. Eu havia ficado bastante decepcionado com a minha última maratona de Santa Catarina a cerca de um mês e meio atrás, onde após ser pego por uma forte cãibra na perna esquerda no Km 33 não consegui mais correr, e tive que concluir os últimos 9 Km restantes caminhando.

Depois desse acontecimento fiquei bastante incomodado imaginando o que teria acontecido. Será que tinha forçado muito no começo e as pernas não aguentaram no final? Isso ficou martelando a minha cabeça. Queria entender o que realmente tinha acontecido. Com muitas dúvidas, mas com o incentivo do amigo José Carlos decidi então encarar mais esse desafio. Mesmo sabendo e tendo sido alertado que essa seria uma prova mais difícil por causa dos vários morros pelo percurso.

Fui um dia antes de carro para Curitiba e me hospedei no Hotel Ibis, que ficava a aproximadamente 1 Km da largada. Não sabia, mas eles têm uma tarifa especial de 30% de desconto para atletas. Porém, tinha que ser feito a reserva e o pagamento pelo site. Bom saber para as próximas vezes.
Na noite de sábado eu e o Zé Carlos, que me ajudou na retirada do kit, fomos fazer o nosso jantar de massas no tradicional Restaurante Madalosso no Bairro Santa Felicidade. Excelente. Fomos muito bem atendidos, inclusive um dos garçons que nos serviu iria participar da maratona também no dia seguinte. Só acho que eu acabei comendo demais, mas estava muito bom.

Como a largada era bem cedo, às 7:15, não tinha outra opção a não ser ter dormido por lá mesmo. Aquela idéia de ir no dia da prova para Curitiba sem chances. Além disso, tínhamos que estar um pouco mais cedo para a retirada do chip.

Chegando por lá me senti meio perdido, pois estava acostumado com as corridas por aqui onde encontramos vários conhecidos. Ali a maioria eu não conhecia, mas aos poucos fui encontrando alguns amigos e conhecendo outros. Aqui da grande Florianópolis encontrei o Zé Carlos e a Sueli (que iria correr os 10 Km). De São José dos Campos encontrei pessoalmente o Fábio Leite e o Diego. De Curitiba, a família do Zé Carlos, a Dayse, o seu Minoru e a esposa.

O evento além da maratona contava também com a corrida de 10 Km e a caminhada de 5 Km, cujas largadas seriam um pouco depois da maratona. Segundo a organização eram aproximadamente 2.000 maratonistas inscritos. Para a nossa felicidade, o tempo estava fresquinho e o céu meio encoberto por nuvens. Bom sinal, mas sabia que mais cedo ou mais tarde o sol apareceria.

O plano para essa corrida era correr constante até onde fosse possível em um pace entre 5:30 e 5:40, e se possível chegar ao sub-4h, mas isso eu já sabia que não iria ser fácil, devido as características do percurso. Adotei esse pace, pois na maratona de Santa Catarina tentei levar entre 5:20 e 5:30 e tive o problema da cãibra.

Como se tratava de uma maratona, na largada fiquei mais atrás. Eu e o Zé demoramos praticamente 2 minutos para conseguirmos passar pelo portal depois do início oficial. Aí sim começou para valer. Muito vibrante e legal a largada, pois havia um bom público nas arquibancadas que mandavam aquela energia positiva.

Larguei em ritmo bem tranquilo, mesmo tendo uma tentação de reta com uma pequena descida inicialmente. Procurei me controlar dentro dos meus planos.

No 1º Km, ainda naquela agitação toda passamos pelo Shopping Muller. Os atletas ainda todos muito animados e eufóricos pelo início da prova. Porém, logo no segundo quilômetro já deu para perceber o porquê da fama da maratona de Curitiba não ser a melhor para fazer tempo. Já começou a primeira subida mais forte e com isso a minha primeira quebra de pace. Comecei a perceber que aquela idéia de tentar correr em ritmo constante não daria muito certo. Nos quilômetros seguintes já consegui dar uma recuperada e colocar o ritmo dentro da média novamente.

Já no 5o Km passamos em frente ao Museu Oscar Niemeyer. Eu corria em um bom ritmo, que se seguiu até o 6º Km. A essa altura estávamos passando próximo ao local da largada novamente e seguindo para o outro sentido. A partir desse ponto os paces passaram a ser alternados, variando com as subidas e descidas. Tinha esperanças que essa variação de elevações ficasse somente no início da corrida, mas foi ao longo de todo percurso.

1º Km - 05:36
10º Km - 05:50
19º Km - 05:29
28º Km - 05:52
37º Km - 06:33
2º Km - 05:54
11º Km - 05:34
20º Km - 05:28
29º Km - 06:05
38º Km - 06:56
3º Km - 05:23
12º Km - 05:46
21º Km - 05:44
30º Km - 06:12
39º Km - 07:19
4º Km - 05:30
13º Km - 05:32
22º Km - 05:40
31º Km - 05:50
40º Km - 06:48
5º Km - 05:28
14º Km - 05:53
23º Km - 05:57
32º Km - 06:01
41º Km - 06:33
6º Km - 05:27
15º Km - 05:47
24º Km - 06:05
33º Km - 06:20
42º Km - 06:28
7º Km - 05:47
16º Km - 05:20
25º Km - 06:02
34º Km - 06:19
480m - 02:50
8º Km - 05:46
17º Km - 05:53
26º Km - 05:49
35º Km - 06:10

9º Km - 05:42
18º Km - 05:19
27º Km - 05:39
36º Km - 06:51


A primeira passagem pelo posto de hidratação já foi muito bem-vinda. Estava com a boca bem seca desde a largada. Pior, mal tinha começado a maratona e já estava com vontade de fazer uma parada técnica, mesmo eu tendo ido um pouco antes da largada. Percebi que não era exclusividade minha, pois vários corredores que seguiam a frente batizavam os muros, postes, árvores, canteiros. Alguns até corriam para os postos de gasolina. Eu fui tentando segurar na esperança da vontade passar, pois lembrava que teríamos os banheiros químicos na metade da prova.

Até o 10o Km o meu ritmo vinha meio alto acima dos 5:40 programados. Um pouco pelas oscilações do percurso e um pouco do medo de forçar cedo demais. Isso aconteceu até o Km 15, onde fui correndo de forma bem conservador. Aí, aquela vontade de fazer o pit stop voltou e sabia que não daria pra aguentar muito tempo. Acho que talvez tenha me hidratado demais no período pré-largada. Ainda bem que para o meu alívio apareceram os banheiros químicos no Km 17 (antes do previsto). Rápida parada sem perder muito tempo. Ainda mantive o pace de 5:53 nesse Km.

Um pouco mais leve, nos quilômetros seguintes voltei a rodar abaixo dos 5:30. Não sei se é psicológico, mas ficou um pouco mais fácil. Legal que durante o percurso a equipe de apoio do Zé Carlos, composta pela esposa (Luciana), a filha (Silvana) e o genro iam dando aquela força e apoio em vários pontos do percurso. Agradeço muito pela ajuda e pelos registros nas minhas passagens.

Tudo estava indo muito bem, quando já próximo de completar a metade da prova (meia maratona) quem aparece? A fisgada na batata da perna. Não acreditava que iria acontecer de novo, mesmo estando mais devagar e tão cedo. Eu ainda estava com esperanças de fazer um sub-4h, mas tive que abortar definitivamente a partir desse momento. Lembrei que tinha comprado umas balas Electro++, para evitar as cãibras. Chupei a primeira bala pela primeira vez. É salgada que dói. Depois tive que tomar muita água. Parece que deu uma melhoradinha, mas já não queria arriscar ir mais forte.

Como eu estava correndo preocupado com a perna esquerda, acho que acabei forçando mais a perna do lado direito. E dessa vez ela que começou a acusar o maior esforço. Até o Km 30 a duras penas fui segurando o pace próximo dos 6:00 min/Km. Variava muito, pois o percurso continuava de altos e baixos.
Novamente chupei outra balinha, pois a coisa estava ficando feia com as fisgadinhas tornando-se mais frequentes. A única coisa que eu não queria era ter cãibra. O difícil é a gente conseguir dosar o ritmo para que isso não aconteça. Por mais que se busque e queira atingir uma meta precisamos respeitar o limite do nosso organismo no dia. E fui o que fiz para não correr riscos. Abandonei totalmente a minha preocupação com o tempo a partir daí. Nem olhei mais para o tempo no relógio.

Essa prova é bem interessante, pois é percorrida inteiramente pela cidade e sempre tem público pelas ruas incentivando e dando apoio moral para os atletas. Gritos de “Falta pouco”, “Tá chegando”, eu ouvi um monte, mas que esse pouco demorou, demorou !!!.

Passando dos 32 Km, por mais que a gente tente não sentir, parece que a maratona se torna uma outra corrida. É realmente a hora que entra o psicológico, a hora da superação, a hora de lembrar o quanto foi difícil chegar até ali. Em uma prova grande assim podemos perceber bem o esforço de cada um dos atletas que seguem próximos a gente para conseguir terminar a prova. E isso também até nos ajuda a persistir e não desistir.

Como já estava mais quente a essa altura, eu não recusava nenhum posto de hidratação. Era um copo para tomar e outro para se molhar. Além dos gatorades também que peguei em todos os postos. Quanto a hidratação da prova estava excelente, pois praticamente até o final tínhamos água gelada.

Próximo ao Km 35 foi distribuído também uma esponja com água bem gelada para podermos dar uma bela refrescada na cabeça e no pescoço. Muito bem-vinda por sinal. Essa é a hora que cada quilômetro parece uma eternidade. Eu até tentava dar umas forçadinhas nos trechos de descidas, mas recuava assim que sentia a possibilidade de uma fisgada.

Chupei a minha terceira e última bala e fui indo concentrado, mas para o meu azar não consegui pegar água no posto de hidratação seguinte para rebater o salgado da bala. E essa bala é salgada !!! Só consegui no próximo posto já perto do final.

Aproximadamente no Km 39, durante uma subida tinha um pessoal distribuindo refrigerante e bala de goma. Acho que era uma família que assistia a prova e ajudava os atletas naquela passagem. Uma garotinha me ofereceu um copo de refrigerante e não tive como recusar. Caiu muito bem. Todo líquido a essa altura da corrida era pouco. Até a bala de goma aceitei, pois também estava com fome.

Agora já estávamos dentro da cidade entrando por ruas mais movimentadas que eu nem lembro mais. Estava preocupado em ver as placas dos quilômetros finais. As fisgadas e essa altura deram uma trégua e apesar de muito cansado estava correndo um pouco mais confortável. Acredito que as balas que eu chupei e a redução no ritmo contribuíram muito para isso.

Um alívio quando avistei o Shopping Muller novamente. Sabia que estava chegando e só faltava mais 1 Km. A partir daí, na reta final, já começa a se formar um funil com o público dando o incentivo final para os atletas. Nessa hora todos que estavam caminhando fazem aquele esforço final para chegar correndo. É muito bom poder ver o portal de chegada. Esquecemos de todo o sofrimento durante a corrida e só lembramos que estamos prestes a vencer os 42,195 Km da maratona. Essa é hora de curtir o momento. O tempo eu já nem me importava mais. Tinha ficado feliz por ter vencido e controlado a possibilidade da cãibra que se iniciou no meio da prova.

Eu via pais chegando com seus filhos, filhos acompanhando os pais, via atletas chegando com faixa de pedido de casamento, atletas chegando chorando, atletas chegando totalmente exaustos, atletas chegando realizados. Todos trazendo a sua história e vencendo esse desafio. Realmente é muito emocionante acompanhar a chegada de uma maratona.

Na minha chegada passei pelo portal com o tempo de 4h12min30s. Junto comigo, dos cerca de 2.000 atletas inscritos, pouco mais de 1.300 atletas concluíram a maratona. Realmente essa não é uma das maratonas mais fáceis, mas é desafiadora. Volto o ano que vem para melhorar esse tempo.

Alguns minutos depois chegou o meu amigo José Carlos, que brilhantemente completou a maratona conseguindo o seu recorde pessoal da prova vencendo a sua melhor marca de 12 anos atrás. Que saúde e que determinação. Parabéns ao Zé Carlos e a sua mãe, que com seus 77 anos, participou e completou com sucesso a prova de 10 Km.

Não tive muito tempo para ficar por lá, pois a diária do hotel já estava na tolerância. Despedi-me do pessoal e fui para o hotel tomar um banho e fechar a conta. Apesar das pernas exaustas consegui voltar tranquilo. Aliás, demorei mais pra voltar para casa do que para completar a maratona, mas com a satisfação de dever cumprido.

 Jantar de massas com Zé Carlos na véspera da maratona no Madalosso
  Kit da maratona
 Amigos do facebook: Fabio Leite, Dayse e Diego
  Essa água de côco caiu muito bem. Faltavam menos de 5 Km
 Finalmente chegando. Reta final.
 Chegada. Tempo líquido: 4h12min30s
 Eu e o Zé Carlos. Conseguimos.
 Família do Zé Carlos (Luciana, Silvana e Éder) que nos deu total apoio durante a maratona 
e a mãe dele Dona Maria que completou os 10 Km com seus 77 anos.

Local: Centro Cívico - Curitiba/PR
Data: 18/11/2012 
Horário: 7:15 Hs 
Distância: 42,195Km (42,480Km) 

Inscrição: R$ 75,60   
Kit: Sacola, camiseta, meia, porta número, número do peito e chip.    

Tempo: 4h12min30s
Pace: 5:57 min/Km

Colocação: 132 de 209 (categoria 40-44 anos)
Colocação: 716 
de 1182 (masculino)
Colocação: 779 de 1371 (geral)

8 comentários:

  1. Parabéns Edu

    Completar a Maratona de Curitiba não é para qq um.

    Mas que tu és teimoso, não tem como discordar..

    Nilton Generini

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    1. Obrigado, Nilton. Eu duvidei que a maratona de Curitiba era tão cheia de morros. Agora eu acredito. Então, acabei indo de teimoso mesmo. Pensei, porque deixar para amanhã o que podemos fazer hoje !!! Aí eu fui..rs. Abraço.

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  2. Parabéns Eduardo! Gostei da narrativa. Cada corrida é uma história, é um desafio. Essa maratona foi especial para você e para nosso grande amigo corredor ZéCarlos. Muita determinação! Valeu!!!

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    1. Muito obrigado, Sueli. Ano que vem quero ver você fazendo a maratona com a gente. Realmente as maratonas não são tão previsíveis. Acho que isso é o charme dela. Rumo a 2013 !!!

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  3. Parabéns por mais esta Eduardo! Tu já ta fazendo parecer fácil correr uma Maratona....:)

    Abração
    Guilherme
    www.corrervicia.com

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    1. Valeu, Guilherme. Pra escrever é bem mais fácil. Durante a maratona passa mil coisas pela cabeça. Agora eu até diria que está mais fácil vencer o mental que o físico. Mas que a maratona de Curitiba é pesada, isso é. Vamos lá, Guilherme. Treinar para a primeira maratona. Vale a pena !!! Abraço.

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  4. Parabéns Eduardo.
    Valeu a determinação e a superação na Maratona de Curitiba. Estava aguardando o resultado e torcendo por você.
    Muito emocionante.

    Um forte abraço, e bons treinos.

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    1. Obrigado, amigo. Até que deu pra chegar mais inteiro que a maratona de Santa Catarina e a meia de Pomerode. Ano que vem tem mais. Nos encontramos nas próximas. Abração e bons treinos também.

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