quinta-feira, 30 de agosto de 2018

26/08/2018 - Maratona Internacional de Floripa / SC

Foto: Foco Radical

Maratona Internacional de Floripa 2018

Planejei a Maratona Internacional de Floripa para ser um dos marcos importantes na "Minha vida de corredor". Primeiro para comemorar a minha 15ª maratona (42 km) individual e segundo pra comemorar a minha 350ª corrida. Não poderia deixar passar esses números em branco e tinha que ser em uma grande prova.

Com a inscrição já confirmada desde o início do ano essa era a minha maior aposta para entrar novamente no ranking da Revista Contra-Relógio, cujo meu tempo da minha faixa etária deveria ficar abaixo de 3h55min. Quando nos programamos para uma maratona parece que falta uma eternidade e vamos deixando os treinos longos para mais perto e quando nos damos conta já estamos em cima da hora.

Minha preparação não foi das melhores. Depois da Maratona de Porto Alegre me sentia meio desanimado e fraco, não tendo disposição para treinos mais longos. Também estava tentando fazer uma alimentação mais "low carb". Além disso, faltando pouco mais de um mês para a maratona comecei a sentir uma dorzinha chata na lateral da cintura, após uma corrida forte de 5 km. Pensei  em trocar a distância para os 21k, mas decidi arriscar ainda nos 42k.

Em resumo, consegui treinar as distâncias mais longas (25k, 30k e 32k) faltando apenas 3 semanas para a maratona e com intervalos curtos. Basicamente só na rodagem mais leve, ainda por conta da dorzinha que não me deixou durante todo esse tempo. Voltei a comer arroz, feijão, pão, massa e senti uma disposição maior para realizar esses treinos.

A organizadora da prova foi novamente a AT Sports, que não mediu esforço para colocar na rua o maior evento de corridas de rua de Santa Catarina, alcançando a marca de 8 mil atletas inscritos, conforme divulgado. Só na distância de 42k foram cerca de 2.000 inscritos. Muito legal ver toda essa movimentação aqui em Florianópolis, pois isso promove o turismo e a economia na região.

A entrega dos kits foi realizada na Loja Decathlon da SC-401. Foi realizada durante a quinta, sexta e sábado, no horário de funcionamento da loja. Fui retirar o meu e o kit da Aninha, que estava inscrita na prova de 5km, ainda no primeiro dia. Estava tudo bem tranquilo e não peguei fila alguma. Mas eu sabia que no sábado, último dia, seria bem mais complicado por causa da chegada de grande parte dos atletas vindos de fora. Quando eu vou correr fora em grandes provas tenho esse inconveniente. Menos mal que dessa vez era em casa e pude ir antes.

A camiseta do kit e a medalha lá expostas foram motivo de admiração entre os atletas e foram muito elogiadas. No kit ainda continha uma revista com todas as informações sobre a prova, muito útil. Também foi possível fazer a personalização da camiseta pelo valor de R$ 20 a linha. Como estava bem tranquilo fiz a personalização da minha e depois fui fazer umas comprinhas pela loja.


Esse ano, além da maratona, tinha as distâncias de 21 km (meia maratona) solo, 10 km e 5 km. O percurso da maratona foi o único que passou por cima das duas pontes, indo até o final da beira mar do estreito, quase na altura da Marinha. As outras distâncias tiveram seu percurso limitado ao lado da ilha.

Uma novidade anunciada para esse ano foi a disponibilização de um aplicativo para poder acompanhar o desempenho de cada atleta em tempo real, durante a prova. Muito bom pra quem não pôde ir pessoalmente ou quis acompanhar os amigos ou parentes do conforto de casa. A organização também promoveu no sábado, véspera da prova, um jantar de massas para os atletas. O preço por pessoa foi de R$ 35.

Para não complicar muito o trânsito no dia os horários da largada foram bem cedo, com maratona saindo às 6h10min, a meia maratona às 6h30min, e os 5km e 10km às 6h50min. No domingo, fomos para a prova ainda de madrugada, às 4h45min, sob uma linda lua cheia. Conseguimos estacionar bem em frente a arena do evento. Importante isso, principalmente ao fim de uma maratona.

Uma grande estrutura estava montada no bolsão do Trapiche, com ampla área de massagem, banheiros químicos, tendas de serviços, tendas de assessorias esportivas, palco de premiação, guarda volume, cafezinho Três Corações e muitos painéis para tirar foto.

Logo foram chegando os maratonistas, que largariam primeiro, e rapidamente uma multidão já tomava conta da arena. Não teve largada em ondas, por isso me posicionei mais a frente juntamente com os amigos da maratona. Ainda estava escuro e tempo friozinho com cerca de 11ºC. Optei por largar somente com camiseta de manga longa, sem corta-vento, embora estivesse gelado.

Pontualmente às 6h10min foi dada a largada para os cerca de 2.000 prováveis maratonistas. Seguimos no sentido da Ponte Colombo Salles onde iniciamos a sua travessia a partir do 3º km. Meu primeiro pace saiu meio alto, tentando me estabilizar dentro do ritmo alvo de 5:30 min/km. Nesse início correr nesse ritmo parecia bem fácil.

A travessia pela ponte é em subida predominantemente por quase 1 km. Só depois é que ela desce permitindo dar uma recuperada no ritmo. No 5º km acessamos a avenida beira mar do estreito e corremos por uma longa reta até praticamente o final do balneário do estreito. Eu fui bem tranquilo durante toda essa parte, conseguindo manter um ritmo abaixo do esperado e sem fazer grandes esforços. Só uma coisa me incomodava, a bexiga estava cheia de novo. Tinha ido pouco antes da largada, mas com o dia frio, a vontade voltou..

Procurei um banheiro químico pelo caminho, mas quando chegava perto, parece que todos tinham a mesma ideia e acabei desistindo pra não ficar lá esperando. Com 8,4 km percorridos, fizemos o retorno e voltamos. Outra chance de tentar o banheiro na volta, mas também não deu e continuei. Quase no final da beira mar do estreito achei um terreno com mato meio escondido. Foi lá mesmo. Valeu a pena e me aliviou bastante. Sabia que mais cedo ou mais tarde eu teria que fazer esse pit stop. Nesse km o meu pace subiu para 5:53 min/km.

Quase chegando no 12º km pegamos um pequeno trecho/atalho (em subida) para entrar na outra ponte, a Pedro Ivo Campos, por onde corri pela primeira vez na pista mais à esquerda. Nunca tinha feito isso antes. Acabamos o trecho da ponte com cerca de 13 km percorridos. Até esse momento estava tudo indo bem e ritmo encaixado.


De volta à ilha, acessamos a Rod. Gov. Gustavo Richard, no sentido da via expressa sul. Tomei o meu primeiro gel de carboidrato e mais a frente a minha primeira cápsula de sal. Passamos então pelo túnel Antonieta de Barros para chegarmos a Rod. Aderbal Ramos da Silva (via Expressa Sul). Fora do túnel estava friozinho, mas dentro deu uma esquentadinha. Os atletas de elite nesse ponto já vinham voltando. Segui reto até 19,6 km, onde foi o retorno.

Na volta, próximo da Costeira do Pirajubaé, fiquei de olho no tempo da minha meia maratona (21 km) e passei com pouco mais de 1h53min. Fiz aquela conta rápida multiplicando o tempo da meia por 2 e se repetisse o desempenho nessa 2ª parte poderia completar a maratona em 3h47min. Ainda tinha uma certa folga para o meu objetivo principal que era de fazer um sub 3h55min para poder entrar no ranking de maratonistas.

Foto: Foco Radical

O problema é que a partir daí, o corpo já não respondia como antes e os paces começaram a girar em torno de 5:30 min/km, que era a ideia inicial de se fazer. Com 24 km percorridos estávamos novamente passando pelo túnel, só que dessa vez indo no sentido da UFSC. Estava fazendo a minha hidratação bebendo água posto sim, posto não. Isotônico, eu tomei só quando deu vontade e estavam sendo distribuído em copinhos em um dose boa. Também peguei gel no primeiro ponto de distribuição, mas no segundo dispensei.

Já no viaduto Rita Maria para acesso à beira mar norte um outro atleta passou por mim comentando: "Agora é a hora de arrumarmos a postura e o look". Estávamos chegando no 28º km, ponto de onde partimos e onde estava concentrada toda a estrutura do evento. Um grande público ao redor formando longos corredores apoiavam os corredores que por lá passavam. Boa parte dos atletas das outras distâncias já tinham chegado, inclusive a Aninha e a Adriane, que correram os 5 km. Foi muito bom e energizante ouvir aqueles gritos de incentivo na minha passagem. A gente até tenta arrumar a postura e acelera um pouquinho mais.

Havia comentado com a Aninha que dentro da normalidade deveria estar passando naquele ponto com cerca de 2h30min, e passei bem próximo disso, com um pace médio de 5:27 min/km até então. A partir dali faltariam somente 14 km feitos em ida e volta até a UFSC para completar os 42 km.

Nesse trecho de ida pela beira mar norte aos poucos as pernas começaram a pesar e o ritmo foi caindo gradativamente, mesmo com a sensação de esforço parecer ser a mesma. Tomei o meu outro gel de carboidrato, e a cápsula de sal deixei cair todas no chão e fiquei sem. O retorno final parecia não chegar nunca e as minhas pernas já estavam pesadas demais.

Fiquei com aquela vontade de caminhar, mas mentalizei aguentar pelo menos até o retorno, que seria na altura do 35º km. Fiz força pra não caminhar antes, mas após o retorno não teve jeito. Não estava mais aguentando. Eu queria manter pelo menos o pace de 6 min/km, mas nem isso foi possível. Até nas costas e abdômen começaram a dar cãibras ao fazer qualquer movimento mais brusco. Nas pernas eu ainda conseguia administrar.

Nesses 7 km finais eu estava intercalando entre caminhadas e trotes. Já sabia que o índice para o ranking que queria e o sub-4h não iam sair. Cada km foi ficando mais demorado e mais longo. Se de um lado assistimos vários atletas passando e dando aquela força pra continuarmos, por outro, assistimos o quão grande é o esforço de alguns outros guerreiros e guerreiras que se arrastavam com o único objetivo de completar a maratona. Talvez seja isso que encante tanto uma maratona, a força da superação.

Faltando cerca de 3 km os amigos Zé Aguiar e a Aline apareceram e me acompanharam no percurso durante alguns minutos dando uma força pra eu não parar. Queria seguir com eles, mas as dores e a iminência das cãibras não deixaram. Continuei, mas seguindo do jeito que dava.

Já estava avistando ao longe o portal de chegada e ainda naquela alternância entre caminhada e trote fui me aproximando. É indescritível a sensação de quando estamos chegando e passamos por um longo corredor formado pelo público presente. É o momento mais gratificante que nos dá até arrepio de tanta energia recebida. Eu já estava totalmente sem forças e com dores quase insuportáveis, mas com aqueles gritos de apoio de amigos e até de pessoas desconhecidas esquecemos de tudo por alguns momentos e fazemos questão de chegar correndo para cruzar a linha de chegada.

(Foto: Foco Radical)

Mal eu sabia que logo após cruzar o portal, ao desacelerar, aquela cãibra que ensaiou vir o trecho final inteiro, chegou e chegou com força. Literalmente congelei após um metro depois da chegada com fortíssimas dores. Sorte que o amigo Anderson estava por lá para ajudar no alongamento. A equipe médica também foi me socorrer, mas foi só cãibra mesmo.


Foto: Ana Paula Marcon

Após alguns minutos sendo atendido e imóvel, pude fazer a minha hidratação e fui agraciado com uma coca-cola bem gelada, que a Aninha gentilmente havia comprado para esse momento e me foi entregue pelo Gabriel (filho do amigo Fausto Egidio). Naquela hora era tudo o que eu precisava. Caminhei lentamente para receber a tão suada medalha dos 42 km. Muito linda mesmo e com figuras alusivas a Florianópolis.

Pensei ainda em fazer uma boa massagem, que estava sendo realizada na tenda da Elementos Assessoria das amigas Fran e Rose, mas fiquei enjoado e a fila estava bem concorrida. Eu precisava sentar e descansar urgente.

Como eu sempre digo, cada maratona é uma história e uma batalha a ser vencida. Gostei muito dessa nova edição como um todo. Percurso diferente e atrativo com a passagem pelas duas pontes e a inclusão do trecho da beira mar do estreito, sem voltas. Hidratação com bastante água, isotônico em copo e reposição com gel de carboidrato GU, bem distribuídos pelo percurso. Placas de quilometragem bem posicionadas e aferição perfeita, uma boa estrutura na arena do evento, linda camiseta e medalha muito bonita. Eu até cogitava a ideia de parar de fazer maratonas, mas acho que volto pra edição do ano que vem !!!

Posteriormente ouvi vários relatos de problemas quanto a falha de sinalização e orientações de retorno para alguns atletas nas provas de 5 km e 21 km. A organização assumiu a falha e ainda no final do dia se pronunciou a respeito do ocorrido. Ainda ofereceu inscrição gratuita aos participantes da prova de 5 km e alguns dos 21 km que foram prejudicados. Achei uma postura muito justa da organização e já mostra o compromisso para fazer um evento ainda melhor em 2019. Particularmente, na maratona, achei a prova perfeita.

Percurso 2018 (42,22 km)
Kit da Maratona Internacional de Floripa
Galera chegando, ainda escuro e frio
(Foto: Ana Kátia)
Maratonistas aguardando a largada
Parte tranquila. Suave na nave.
(Foto: Foco Radical)
Saindo do túnel Antonieta de Barros
(Foto: Foco Radical)
Na beira mar norte com o amigo Naito
(Foto: Foco Radical)
Finalmente, a chegada. Tempo líquido: 4h06min16s
Medalha simplesmente linda
Eu e a Aninha com as medalhas de 42km e 5km

Certificado de Maratona Internacional de Floripa

Local da largada: Trapiche da Beira-mar norte - FLN/SC
Data: 26/08/2017
Horário: 6:10 hs
Distância: 42,195 Km (42,220 km)

Inscrição: R$ 80,00 primeiro lote (em Out/2017) - Cortesia
Kit: Sacola biodegradável, 1 amostra atrito zero, camiseta, barrinha de salada de frutas Banana Brasil, 1 sachê de cappuccino, 1 saquinho de suco em pó, número de peito com o chip descartável.

Tempo: 4h06min16s
Pace: 5:51 min/Km
Tênis: Puma Speed 600 Ignite (verde)

Colocação: 0118 de 0186 (categoria 45-49 anos)
Colocação: 0778 de 1212 (masculino)
Colocação: 0912 de 1635 (geral)

2 comentários:

  1. Eduardo, acessei seu blog pela primeira vez.
    Parabéns pela corrida e principalmente pela incrível marca de 15 maratonas e 350 corridas.
    Em 2019 eu e minha esposa (estamos na 8ª maratona) iremos correr em Floripa os 42k.
    Espero conhecê-lo pessoalmente em alguma corrida.
    Abraços e ótimas corridas!!
    robson yamamoto

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  2. Muito bom o relato, prova dura, mas a satisfação da conquista vai ficar para sempre, parabéns Eduardo, bela conquista.
    Fausto Egidio
    Confraria das Corridas

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