Maratona da Caixa de Santa Catarina
Estava
tudo dentro das expectativas. Até tive a grata satisfação de poder ter uma
entrevista publicada na edição de domingo do principal jornal do Estado, o Diário
Catarinense, onde contava um pouco sobre o motivo do início da minha vida de
corredor e os meus objetivos para essa Maratona de Santa Catarina. Curti
bastante.
Cheguei
bem cedo na passarela Nego Quirido, junto com o Ênio, que completaria a sua
100ª corrida, e com promessa de bolo e tudo. Depois de registrar a foto oficial
da corrida no totem, fomos conhecer a tenda dos Loucos por Corridas do nosso
amigo Sebastião, que iria correr a maratona vestido de Guga. A tenda serviu de
ponto de apoio para os amigos de grupo. Muito legal. Por lá encontramos vários
amigos que iriam participar da maratona, das corridas rústicas de 5 Km e 10 Km,
e os que foram dar apoio e fazer a cobertura do evento. Destaque para o nosso
amigo Sebastião que iria correr caracterizado de GUGA e que promovia uma bela
ação social para crianças carentes. O tempo de espera passou voando.
A
largada da maratona foi às 7:30, diferenciada das provas de 5 Km e 10 Km, que só
ocorreram às 8:30. Isso é bom, para evitar aquele congestionamento inicial com
grande número de atletas na largada e para evitarmos o sol mais intenso próximo
do meio-dia.
A
minha estratégia para a maratona era fazer um pace médio entre 5:20 e 5:30,
durante os 30 primeiros quilômetros, e depois levar os últimos 12 Km com paces
abaixo de 6:00. No garmin, pela primeira vez em corridas, programei o recurso
do pacer virtual para 5:20 min/Km para que eu tivesse um referencial de como
estaria indo. Esse recurso disponibiliza quantos metros e quanto tempo estou a
frente ou atrás do pace programado.
Logo
de início tivemos a primeira passagem pelo túnel, rumo a beira mar sul. O sinal
do GPS do Garmin deixa de funcionar quando estamos literalmente dentro do
túnel. Por isso as indicações de pace nesse local não são corretas, e é preciso
tirar uma média dos dois quilômetros para termos uma informação um pouco mais
confiável. No meu caso, a média do pace dos dois quilômetros iniciais foi de 5:09.
Avançamos
aproximadamente 6 Km pela beira mar sul, quando fizemos o retorno. Estava
conseguindo correr próximo do meu pace objetivo mínimo de 5:20 e me sentia
muito bem. Pontos de hidratação não faltaram. Até tive que usar a logística de
pegar em uma e não na outra de tanta água e isotônico. Melhor assim.
Se
por um lado a ida estava bem tranquila, a volta da beira mar sul já se mostrava
um pouco mais pesada. Começava aí uma pequena luta contra o vento, que duraria
pelo menos por mais uns 13 quilômetros. Na empolgação do começo e me
controlando com o pacer virtual fui conseguindo manter o ritmo, mas com um
pouco mais de esforço. Sem querer, isso pode ter afetado o final da minha
maratona.
Próximo
novamente ao túnel tivemos a oportunidade de passar pelos atletas que estavam
participando da prova de 5 Km e 10 Km e vinham do outro lado da pista em
sentido contrário. Isso dá uma energia legal, com várias palavras de incentivo
dos amigos que passavam pela gente. Um pouco mais adiante passamos em frente à
passarela do samba, completando os 12 Km iniciais. Novamente mais uma dose de
energia dos amigos que ali estavam e belos registros fotográficos.
A
partir daí a corrida se tornaria mais solitária, no longo trecho pela beira mar
norte. Ainda contra o vento, mas com a temperatura ainda bem agradável, me
esforçava para não deixar o pace subir muito. Não estava fácil mantê-lo próximo
dos 5:30. Isso durou até o 18º Km. Tudo ainda dentro do planejado. Eu não imaginava
que o fator vento tivesse tanta influência, mas revendo os meus quilômetros que
se seguiram sem o vento contra pude perceber que de alguma forma ele tinha me
afetado, deixando o meu pace pelo menos uns 10s a mais por Km. Estava
completando então a metade da maratona, registrando a minha passagem com aproximadamente
1h53min. Um pouco mais a frente era o retorno do lado da beira mar norte, já próximo
a UFSC. Ocorreu na altura do 22º Km. Tudo indo muito bem e dentro do previsto.
1º Km – 06:51
|
10º Km – 05:27
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19º Km – 05:22
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28º Km – 05:34
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37º Km – 11:01
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2º Km - 03:27
|
11º Km - 08:21
|
20º Km - 05:21
|
29º Km - 05:32
|
38º Km - 11:27
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3º Km - 05:18
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12º Km - 02:06
|
21º Km - 05:25
|
30º Km - 05:37
|
39º Km – 11:05
|
4º Km - 05:22
|
13º Km - 05:16
|
22º Km - 05:23
|
31º Km - 05:36
|
40º Km - 10:59
|
5º Km - 05:17
|
14º Km - 05:31
|
23º Km - 05:10
|
32º Km - 05:44
|
41º Km - 10:53
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6º Km - 05:14
|
15º Km - 05:30
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24º Km - 05:29
|
33º Km - 09:14
|
42º Km - 09:24
|
7º Km - 05:15
|
16º Km - 05:33
|
25º Km - 05:37
|
34º Km - 11:05
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590m - 04:37
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8º Km - 05:23
|
17º Km - 05:28
|
26º Km - 05:32
|
35º Km - 10:44
|
|
9º Km - 05:25
|
18º Km - 05:31
|
27º Km - 05:25
|
36º Km - 10:24
|
Agora
só faltava um pouco menos que a metade. Nesse trajeto de volta da beira mar
norte, foi ficando um pouco mais complicado. O cansaço já começava a dar os
primeiros sinais, a temperatura ficava mais quente, e as pernas começavam a
pesar. Novamente o ritmo caía, mas pouca coisa acima do meu objetivo. Brigava
para não deixar cair o ritmo. Tinha certeza que a primeira parte dos 30 Km
conseguiria cumprir, pois me sentia bem e muito confiante.
Avançava já
imaginando e preocupado com os quilômetros finais. Será que conseguiria manter
o ritmo? Logo veio a minha passagem pelo 30º Km, ainda na beira mar norte. O tempo
foi de 2h41min44s, e com o pace médio de 5:23. Primeira parte comprida e
devidamente cumprida. Somente mais 12 Km para percorrer e eu ainda tinha pouco
mais de 1h15min para concluir a minha maratona dentro do objetivo sub-4horas. Aparentemente
parecia ser bem tranquilo.
Já
estava chegando novamente próximo a passarela Nego Quirido e pouco antes de
completar os 32 Km comecei a sentir as primeiras fisgadas na perna esquerda.
Diminuí um pouco o ritmo e imaginei que isso passaria naturalmente. Na maratona
do ano passado também comecei a sentir essas mesmas fisgadas a essa mesma altura
e só consegui concluí-la, reduzindo drasticamente o ritmo.
Mais
alguns metros e as fisgadas se mostravam cada vez mais presentes, mas ao contrário
do ano passado, tentei sustentar o ritmo. Até que adentrei literalmente pela
passarela do samba. Estava difícil até pra posar para as fotos. Já passava com
a quebra do ritmo que vinha mantendo, mas somou-se um banho de energia renovada
por rever os amigos que apoiavam do lado de fora. Essa energia ajuda muito
principalmente nessa passagem, em que estamos entrando nos momentos mais
críticos da prova.
Ganhei
ainda o reforço a escolta da amiga Denise que me deu força e me acompanhou até
a entrada do túnel. A partir daí iríamos repetir o percurso inicial pela beira
mar sul. As fisgadas estavam se
tornando cada vez mais frequentes. Eu diminuí um pouco mais o ritmo, mas não
queria parar. Até que, bem no meio do túnel, a alguns metros da placa de 33 Km,
uma forte câimbra na perna esquerda me pegou de jeito a minha batata da perna virou
uma bola. Simplesmente desabei no chão de tanta dor. Nem conseguia esticar as
minhas pernas.
De
todos os medos que eu tinha para maratona esse era o meu maior, pois sabia que
se ocorresse me tiraria da prova. Fazia anos que não tinha esse tipo de câimbra
Nunca tinha ocorrido desde que comecei a correr. A dor era intensa e
inicialmente o fotógrafo da Focoradical que estava por ali me ajudou. Em
seguida um outro atleta que vinha logo atrás, vendo o meu estado parou e me
ajudou a alongar a perna colocando a bolota no seu devido lugar. Sou muito
grato a eles, pois estava totalmente sem ação. Como o pessoal é solidário. Nesse
esporte, principalmente na maratona, as pessoas estão brigando para vencerem os
seus limites e nem por isso deixam de ajudar os outros participantes quanto
estes estão em dificuldades. Tentei me levantar em seguida pra continuar e a cãimbra
também voltou novamente. Outra esticada da perna pra colocar no lugar.
Um
pouco mais recuperado, disse então ao amigo para continuar que eu ficaria bem.
Fiquei sentado ali olhando o túnel e vendo os outros atletas passarem por mim
durante uns 5 minutos. Eu não me conformava. Tinha treinado tanto para o meu
objetivo e estava indo bem. Entretanto, com esse acontecimento inesperado não
iria mais conseguir. Pior ainda, nem conseguiria concluir a maratona. Já estava
pensando de que forma voltaria. Pedi ajuda ao fotógrafo que ainda estava por
ali, para me levantar, coisa que não foi nada fácil. Aos poucos fui andando e testando
dar os primeiros passos. Olhei para o cronômetro que mostrava cerca de 3h02min
na placa dos 33 Km. Eram somente 9 Km. Pensei, mesmo andando, consigo completar
os 9 Km em pouco mais de 1h30min. Daria ainda para concluir em menos de 5 horas,
se a maldita não voltasse.
Comecei
então a caminhar bem devagar já conformado de não conseguir o meu tão almejado
objetivo, mas pensando sim em conseguir completar a maratona. Mudança total de
planos. Nem tinha coragem de ensaiar um trote, pois estava muito dolorido e com
certeza a câimbra voltaria. Fui então curtindo o visual da beira mar sul,
conversando com outros atletas que também passavam e caminhavam, me hidratando
bastante, fiz algumas filmagens com o celular, e fui me ocupando para o tempo
passar mais rápido. Uma maratona já demora, andando então, demora uma
eternidade.
Por
volta do 36o Km o amigo Renato chegava próximo e vinha bastante
desgastado também, por conta de uma gripe nas vésperas da maratona.
Aproveitamos e seguimos juntos, caminhando... Fizemos o retorno da beira mar
sul e ganhamos o trecho final de quase 6 Km ainda, contra o vento. Pelo menos o
tempo passou bem mais rápido. Fomos conversando e vendo os muitos amigos e
conhecidos passarem. Da minha parte não havia mais o que fazer. Tinha mais é
que ficar feliz por conseguir estar completando a maratona.
Novamente
o vento forte vinha ao nosso encontro, mas a essa altura do campeonato já não
importava muito. Só deixava um pouco mais frio. Eu só queria ver logo o túnel,
pois seria a nossa última passagem por ele e era a indicação de estarmos no
quilômetro final. Finalmente conseguimos passar por ele e logo ganharíamos a
passarela do samba para finalmente chegarmos.
O
Renato ainda conseguiu voltar a correr para a chegada. Eu nem arrisquei. Só na
passarela mesmo que ensaiei um trote final com as pernas todas duras. Por mais
que tivesse sido difícil essa última parte, a alegria de poder completar uma
maratona é sempre muito gratificante, ainda mais ouvindo a galera toda gritando
na chegada. A passagem pelo portal é uma emoção à parte. Tinha finalmente
conseguido completar a minha 3a maratona e ainda abaixo das 5 horas,
4h43min58s. Juro que dessa vez não pensei: nunca mais faço uma maratona. Pelo
contrário, fiquei com um nó na garganta de revanche. Ano que vem estaremos lá
de novo e o desafio vai ser maior.
Depois
de pegar a bonita medalha e repor as energias com água e uma boa salada de
frutas, fui assistir a chegada dos outros “Loucos por Corridas”. Todos chegando
muito bem e devidamente escoltados. Chegadas emocionantes, algumas até com
dancinha de Gangnam Style.
Após
a chegada de todos ainda tivemos o tão bem-vindo bolo em comemoração à 100a
corrida do nosso amigo Ênio. Como caiu bem !!! Parabéns, Ênio. Que possamos ter
várias comemorações centenárias pela frente !!!
Eu e o Sebastião Guga Santos
Foi dada a largada. Vamos aos 42 Km.
1a. passagem. Por enquanto só alegria
Começava aqui o meu drama. Primeiras fisgadas mais fortes na perna esquerda
Fim de maratona ? Não. Muita dor. Solidariedade do amigo que passava e me ajudou.
Fim de maratona ? Não. Muita dor. Solidariedade do amigo que passava e me ajudou.
Demorou, mas cheguei.
Muito feliz por ter conseguido completar a maratona
Local: Beira mar de Florianópolis - FLN/SC
Data: 30/09/2012
Horário: 7:30 Hs
Distância: 42,195
Inscrição: R$ 77,80
Kit: camiseta, meia, porta número, número do peito e chip
Kit: camiseta, meia, porta número, número do peito e chip
Tempo: 4h43min58s
Pace: 6:44 min/Km
Pace: 6:44 min/Km
Colocação: 76 de 90 (categoria 40-44 anos)
Colocação: 393 de 460 (masculino)
Colocação: 445 de 534 (geral)
Colocação: 393 de 460 (masculino)
Colocação: 445 de 534 (geral)
Olá Eduardo,
ResponderExcluirUm grande exemplo de determinação. Parabéns por não desistir e concluir a maratona, realmente é um experiência incrível. Você foi um vencedor!
Vamos para a próxima!
Bons treinos!
Abraços.
Valeu, Marcelo. Você também mandou muito bem na sua estréia. Agora eu vou ter que esperar a próxima e já estou me coçando pra fazer a maratona de Curitiba.
ExcluirAbração.
Acho eu que, lendo tudo isso, você forçou demais no início. Aí lá no 32 a cãibra disse oi e ficou contigo até o fim. Acontece. Maratona tem dessas coisas. Também fiquei meio injuriado. Ano que vem vamos acertar contas com ela.
ResponderExcluirÉ verdade, Ênio. Essa câimbra veio e ficou no meu pé, ou melhor, na minha perna. Não queria me largar de jeito nenhum. Depois de ter acabado eu fiquei pensando comigo mesmo se não daria pra ter corrido de costas a partir disso... Bom, agora já foi. Na próxima a gente desconta. Abraço.
ExcluirOlá, Eduardo.
ResponderExcluirA Maratona SC este ano estava castigante. O vento foi um elemento a parte para os maratonistas. Completar este desafio mostra o quanto és um vencedor. Parabéns pela prova!
E as fotos ficaram ótimas...
Forte abraço
Helena
correndodebemcomavida.blogspot.com
Oi Helena. Muito obrigado. O pior disso tudo é que o vento deve ter me minado lentamente sem eu sentir muito, e quando cheguei no final faltou pernas. Mas como eu disse fiquei muito contente por ainda ter conseguido concluir. Pelo menos deu pra tirar várias fotos legais....rs. Agora eu quero voltar pra melhorar os tempos das provas mais curtas. Abração e bons treinos.
ResponderExcluirEstamos só iniciando ainda as nossas investidas nas provas longas, temos muito que aprender ainda. No meu caso tenho várias interrogações com relação a nossa performance nessa prova, tentarei sana-las numa próxima oportunidade. Valeu a companhia e o papo. Grande Abraço.
ResponderExcluirRenato.
por Laura Carvalho Generini
ResponderExcluirHanada, se a vida fosse uma constante, além de chata, ela seria completamente sem emoção. Vc terminaria a prova com o tempo certo e isso aconteceria sempre... esqueríamos a essência da vida, que é viver um dia por vez... e tudo o que pode vir com ele. Foste vítima da condição humana. Nosso corpo tem limites que mesmo nós não conhecemos... mas resumiste tudo num ato: na próxima maratona será diferente! É isso que compõe os fortes, os determinados. Não há derrota e nem tristeza, há aprendizado e muita garra. Foste um campeão, terminaste a maratona, não desististe nem diante de toda a dificuldade. Fizeste amigos no percurso, provaste o valor da solidariedade... há maior prêmio? O tempo e o pace são meros detalhes, na próxima vc melhorara. Beijos, Laura
10 de outubro de 2012 08:21 (Laura Carvalho Generini)
Há quatro anos....
ResponderExcluirVerdade, Cidral. Ainda nem tinha aprendido a correr uma maratona direito. Hoje sofro um pouco menos, mas ainda sofro...
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