sexta-feira, 21 de novembro de 2014

16/11/2014 - Maratona Caixa de Curitiba

 Maratona Caixa de Curitiba

Dizem que a Maratona de Curitiba é uma das mais duras do Brasil por causa das alternâncias de subidas e descidas, porém também dizem que tem um percurso interessante e com muito apoio contagiante da população local. Já tinha participado da edição de 2012, terminando em 4h12min30s, mas com muito sofrimento. Agora queria voltar para brigar pelo sub-4hs,

Com essa, iria fechar as 3 maratonas do sul do país: Porto Alegre, Santa Catarina e agora de Curitiba. O bom é que entre elas teve uma espaçamento de tempo de 3 meses, conseguindo dar sequência na preparação de uma para a outra. 

Fui na véspera para dar tempo de pegar o kit e descansar um pouco. A viagem até Curitiba tem uns 300 Km e leva algo em torno de 3 horas e meia. Reservei o Hotel Bristol (www.bristolhoteis.com.br), que fica a uns 300 m do local da largada. Para a maratona essa proximidade foi bem importante, principalmente depois da prova. O hotel é bem ajeitadinho e o preço do quarto duplo foi R$ 158 mais taxa de 5%. Não precisei pagar na reserva e ainda tinha tolerância de check out até as 14 horas. Em 2012 me hospedei no Hotel IBIS da Mateus Leme, mas ele fica a mais de 1 Km da chegada e teria que ser feito o pagamento na reserva.

A retirada do kit foi na Loja Procorrer em uma região central de Curitiba. Meio inconveniente para quem precisa ir de carro, pois para estacionar é muito complicado. Além disso, tivemos que aguardar a chamada por senha com cerca de 200 números na frente, demorando mais de hora. Muito ruim para os atletas que vem de fora. Por conta dessa demora, encontramos por lá vários amigos, Maurício Geronasso de Curitiba (possível estreante na maratona). Fábio Leite de São José dos Campos, e de Santa Catarina: Eduardo Legal, Carla, Malu, Rafael, seu Ademir e o Raulino.O Enio do "Por falar em corrida" foi comigo e participaria da prova de 10 Km, além de fazer a cobertura da prova para o PODCAST. Outro inconveniente na retirada do kit foi o término dos alfinetes para prender o número de peito. Detalhe pequeno, mas importante. Com isso o período da tarde foi perdida.

O domingo amanheceu frio, perto de 8 graus. Eu até estava gostando, mas sabia que não iria durar muito. Após tomar um café reforçado no hotel seguimos para o local da largada onde deveríamos retirar o chip, que não era descartável. Chip retirado, encontro com vários amigos de SC, Denise, Waltinho, Luciana, Ana Kátia, Klauber, Clécio e até o Giovani Martinello (narrador da RBS TV), uma breve aquecida e lá fui eu me alinhar para a largada. Não consegui ficar muito próximo do portal. Eram mais de 1.500 maratonistas largando. Também havia as provas com distâncias de 5Km e 10Km, cuja largada foi cerca de 30 minutos depois. Como o Enio participou na prova de 10 Km, conseguiu filmar toda a largada da maratona registrando a passagem de praticamente todos os atletas.

Nunca estive tão tranquilo para encarar uma maratona.O ambiente que envolveu todo o momento pré-largada da maratona de Curitiba foi muito acolhedor e estimulante, com várias famílias, assessorias esportivas, atletas das demais distâncias, todos apoiando os atletas desde o início. Teve até arquibancada montada para o pessoal assistir sentado a largada e a chegada..

Ás 7h15min largaram os maratonistas. Todos ainda muito animados e com pique total. Seguimos pela Av. Candido de Abreu e logo viramos a direita no Shopping Muller, viramos a direita novamente acessando a Av. Mateus Leme e seguimos reto até a Rua Brasilino Moura para retornar pela Rua Francisco Scremin e Mal. Hermes. Esse trecho formou um mini-percurso de aproximadamente 6 Km. Tiveram algumas subidinhas para esquentar um pouco, mas ainda no início foram tranquilas e pude ganhar alguns segundos de crédito no meu objetivo de pace.

Acredito que propositalmente a nossa passagem pela avenida principal da largada (6º Km) ocorreu no mesmo momento que era feita a largada das provas de 5Km e 10Km, permitindo um encontro bem interessante dos atletas de todas as distâncias. Era um mar de gente pela avenida. Entretanto por falta de sinalização alguns atletas das distâncias de 5Km e 10Km acabaram passando reto no percurso da maratona, sendo que deveriam ter virado à direita. Eu pessoalmente vi pelo menos uns 10 atletas que tiveram que voltar para pegar a entrada correta e alguns até já estavam bem longe.

Em seguida lembrei que não tinha ido ao banheiro antes de largar. Logo imaginei: não vou conseguir segurar até o final (faltando mais ou menos 3 horas). O duro é que isso ficava martelando na minha cabeça e já estava a procura de algum banheiro químico pelo caminho. Muitos atletas que seguiam a minha frente aproveitavam os matinhos para tirar a água do joelho. 

Perto do 10º Km tomei o meu primeiro gel de carboidrato e em seguida uma cápsula de sal para tentar repor a perda de sódio e evitar as cãibras. Eu pegava um copo de água em cada posto de hidratação que passava, ou para dar alguns goles ou para refrescar a cabeça. Até os 10 Km me mantive com um ritmo bom acima do objetivo, cerca de 5:15 min/Km.

Um pouco mais a frente o amigo Eduardo Legal passou por mim e tinha esquecido todos os géis de carboidrato na largada. Em uma maratona é complicado ficar sem combustível. Dei um dos meus pra ele. Ainda conseguiria me virar com os meus dois que sobraram.

Essa primeira parte da maratona como fui mais controlado observava muitos atletas me passando e indo embora. Mesmo assim consegui me conter e manter meu ritmo. Verifiquei  que durante a prova havia muitas bicicletas que acompanhavam e auxiliavam alguns atletas no percurso. A maioria acompanhava na boa pelo lado de fora dos cones, mas alguns deles acabavam atrapalhando quem estava correndo, pois cruzavam e muitas vezes se alinhavam à frente para entregar líquido, alimento ou ir conversando, bloqueando ou dificultando os pontos de passagem, uma vez que as ruas já começavam a ficar mais estreitas para os atletas.

A vontade de tirar a água no joelho só aumentou e avistei um banheiro químico quando já tinha passado do 15º Km. Para meu azar estava ocupado no momento. Não parei, segui mais adiante e passando pelo Km 18,5 não conseguindo mais aguentar não tive dúvidas. Achei um matinho e fiz o meu pit stop bem rapidinho. Meu pace subiu um pouco, mas ainda ficou razoável, 5:36.



Mais aliviado, consegui retomar um ritmo bom. No Km 19,5 começamos a retornar da região mais extrema da maratona, saindo da Rua Marechal Otávio Saldanha Mazza e voltando pela Av. Francisco Raitani. 

A meia maratona (21Km) passei com 1h53min. Bem razoável, mesmo intercalando vários trechos de subidas e descidas. Como a maratona é longa a partir daí, para me distrair um pouco, comecei a contar os atletas que eu passava e os que passavam por mim. Queria ver como seria nessa 2ª parte, uma vez que na 1ª praticamente só fui ultrapassado.

Tomei o meu 2º gel perto do Km 24. A segunda cápsula de sal foi mais complicada, pois depois que coloquei na boca demorou a chegar o próximo posto de hidratação e tive que cuidar para ela não dissolver antes. 

Estava me sentindo bem e fui até o 28º Km com pace médio próximo de 5:20 min/Km. Com 2/3 da prova concluída chegou a parte mais complicada onde o desgaste começa a pesar. Mesmo assim passei pelo Km 30 e fui até o Km 32 tranquilo e confiante, mas diminuindo um pouquinho o ritmo. 

Percorremos a extensa Av. Marechal Floriano Peixoto (uma super reta, mas não plana) onde retornamos pela Av. Pres. Pádua Fleury. Me lembro muito bem que nesse trecho uma dor estranha começou a incomodar na lateral do meu joelho direito. Tentei mudar o jeito das passadas, mas não estava adiantando muito e o ritmo começou a cair mais. Aproveitei para tomar o meu 3º e último gel.

No 34º Km a dor foi ao extremo e já não sabia mais se conseguiria terminar a prova. Que coisa. Mil pensamentos começam a passar pela cabeça. Estava relativamente bem, sem fisgadas nas pernas e tinha esperança de fazer um bom tempo. Diminuí um pouco mais o ritmo e fui tentando levar. Não iria me entregar assim tão fácil. Eis que surge mais uma ajuda moral. Tinha um rapaz com megafone gritando o nome de cada atleta que passava, dizendo umas palavras de incentivo.

Passei por um posto de hidratação onde estavam a Carla e a Maluzinha dando aquela força, registrando o momento e aguardando a passagem do Eduardo Legal para entregar o géis que ele havia esquecido. A essa altura devia estar precisando muito. Esse encontro amigo me deu mais uma animada e continuei brigando com a minha dor. Fiquei esperando a esponja molhada gelada pra dar aquela refrescada, pois já estava ficando bem quente. Porém, esse ano não teve.

Aquela contagem de atletas que me passavam e vice-versa já estava ficando complicada, mas acredito que isso foi fazendo eu me esquecer um pouco da dor no joelho. Meu receio maior era que se tornasse uma futura lesão mais grave, mas acho que de tanto doer o organismo acostumou e depois do Km 38 já não a senti tão forte. Pode ser também porque todas as outras partes de corpo também já começavam a reclamar, inclusive a parte superior do corpo.

Passamos então por um ponto de apoio da Loja esportiva Procorrer que já é tradicional. Eles oferecem aos atletas, azeitonas, balas de goma, coca-cola para uma revigorada, além de muito apoio moral para essa fase final. E isso ocorre em um momento crítico mesmo, uma baita subida. A coca-cola e a bala de goma caíram muito bem.

Eu já não olhava mais para o garmin, pois até isso me cansava. Quanto mais nos aproximávamos da chegada, maior era a concentração da população nas ruas sempre incentivando, aplaudindo, gritando o seu nome, dando uma palavra de apoio e mostrando cartazes. E é daí que vamos buscar os últimos suspiros de energia.

Muitos atletas já caminhavam, corriam tortos, paravam para se alongar, sentavam na calçada exaustos... É uma hora crítica para todos, mas poucos desistem. Quanto mais nos aproximamos da chegada, mais demora a vencer cada quilômetro. Por outro lado, maior é a quantidade de pessoas apoiando nas ruas.

O alívio vem quando depois de uma subidinha viramos à direita e entramos pela avenida principal que nos leva ao portal de chegada. É o último quilômetro. A medida que avançávamos podíamos ver o corredor formado pelo público que acompanhava a maratona nas ruas, torcendo, gritando e literalmente te empurrando. Chegamos finalmente na rótula onde está a maior concentração de assessorias esportivas e da população. A partir daí, já podemos comemorar. Faltam poucos metros de pura magia em um belo desfile até cruzarmos a linha de chegada. Que sensação boa.

Cada atleta chega com a sua história, com a sua dificuldade, com o seu desafio, com o seu sonho, e todos são vencedores, empurrados por essa energia vinda do público. E isso ocorre durante quase toda a prova. Para se ter uma ideia, ouvi gritarem o meu nome pelo menos umas 10 vezes durante a maratona, sem eu conhecer ninguém. Era a população local, staffs, membros de assessorias esportivas, amantes e admiradores do esporte. Até os amigos fotógrafos engrossaram esse coro de incentivo. Foi demais.

Meu tempo liquido final ficou em 3h52min17s. Foi mais de 20 minutos a menos que o meu tempo feito na maratona de 2012 (4h12min30s). Fiquei super feliz por ter conseguido completar mais uma vez essa que é a maratona de rua mais difícil do Brasil, e o melhor, abaixo das 4 horas pretendidas.

Após a chegada me hidratei o quanto foi possível com uns 4 copos de água e 2 de gatorades. Não consegui comer nada. Fui para o hotel tomar aquele banho e fechar a conta para não estourar a diária. E depois pegar o caminho de volta para casa, que acabou sendo mais demorada que a maratona. Mas tudo bem, já tinha ganhado o dia !!!

Ah, aquela minha contagem nas ultrapassagens depois da metade da maratona foram aproximadamente 170 atletas que consegui passar e uns 30 que passaram por mim.

 Santa Catarina na Maratona de Curitiba:Waltinho, Denise, Ana Kátia, 
Giovani Martinello, eu e a Luciana
Klauber, Enio Augusto e eu na preparação para a largada
No percurso. Não me lembro onde.
Parte crítica da prova com dores no joelho. O Miguel, garotinho segurando o copo na foto, estava distribuindo lanchinho completo: coca-cola, jujuba e azeitona. Que demais !!!

Mais uma subida vencida 
A chegada. Aquele momento que todo o sofrimento se transforma em alegria
 Tempo bruto: 3h52min54s - Tempo líquido: 3h52min17s. 
 
 Com Eduardo Legal em mais uma maratona cumprida juntos

Local: Praça Nossa Senhora da Salete, no Centro Cívico / PR
Data: 16/11/2014 
Horário: 07:15 Hs 
Distância: 42,195 Km (42,44 Km) 

Inscrição: 102,60
Kit: Sacola, camiseta, viseira, meia, toalhinha, pote de atum, números de peito e chip.  

Tempo: 3h52min17s
Pace: 5:32 min/Km

Colocação: 086 de 0221 (categoria 40-44 anos)
Colocação: 456 de 1218 (masculino)
Colocação: 492 de 1468 (geral)

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